sexta-feira, 16 de dezembro de 2011

Ayrton Senna e sua experiência num Fórmula V





Poucas pessoas sabem, mas está relatado no excelente livro do jornalista Lemyr Martins, "Uma estrela chamada Senna" (Editora Panda), a experiência de Ayrton Senna com um carro de Fórmula V. Ela se deu através do piloto na época, e tio de Rubens Barrichelo, Dárcio dos Santos.
          Ayrton chegou ao boxe de Interlagos em 1o. de maio de 1978 e ficou observando o acerto de Dárcio no seu V, que estava preparando o carro para a etapa de Brasília ( bons tempos aqueles, quando se podia treinar tranquilamente em Interlagos). Dava atenção a cada detalhe dos mecânicos nos acertos do carro, e pediu uma informação a Dárcio, se deveria começar no automobilismo na Fórmula V ou na extinta Fórmula Ford. Dárcio o aconselhou, que, se fosse no Brasil, melhor começar pela V que era mais organizada e tinha mais corridas no calendário.
          Após algumas voltas, e considerando o carro pronto para enfrentar mais uma etapa, Dárcio deu o trabalho por encerrado, próximo a hora do almoço. Ayrton observava tudo e Dárcio entendeu o seu pedido subliminar. Convidou Ayrton para acelerar, após o almoço, antes de carregar o carro para a viagem. Curiosamente, Ayrton já havia levado seu capacete (todo piloto anda sempre com sua "fantasia" pronta).
          Dárcio foi almoçar na sua casa, que era perto do autódromo e ainda teve tempo de brincar com o sobrinho de 6 anos, Rubinho Barrichello.
          Após ouvir com atenção as instruções de Dárcio, Ayrton se posicionou no monoposto, tendo atenção especial a caixa de marchas, que era invertida. Primeira no lugar da terceira, e segunda no lugar da quarta. Ele ligou o motor e saiu para sua primeira volta num Fórmula. Acelerando no limite  entrou no retão do traçado antigo de Interlagos com o pé no assoalho. contornou a curva 3 e rodou na curva 4. Dárcio, vendo tudo dos boxes, já avisara o mecânico para dar placa de abaixar velocidade, pensando no pior. Ayrton entrou forte na curva do Laranja e o carrinho saiu de traseira, rodopiando duas vezes e indo de encontro ao muro.
          Dárcio já estava dizendo adeus a corrida de Brasília, mas com o trabalho dele e dos mecânicos, arrumaram o carro no autódromo mesmo, deixando algumas coisas para acertar em Brasília. Dárcio conseguiu largar em terceiro e venceu a prova.
          Na volta a São Paulo, quando foi comprar as peças para refazer  o Fórmula V mais uma surpresa. Ayrton tinha pago todo o estrago e eles se tornaram amigos. Ayrton foi para a Europa, e o resto da história, todos nós, amantes ou não do automobilismo, sabemos de cor.

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