sexta-feira, 7 de outubro de 2011

Cláudio Reis fala sobre sua trajetória, Parakart, publico e muito mais. Confira




Entrevista com Claudio Reis, piloto, criador do melhor site de kart nacional, fotógrafo de competições. Acompanhe

Estou no automobilismo há 39 anos. Fui piloto 18 anos e hoje sou Editor dos websites Planet Kart (http://www.planetkart.com.br) e PlanetCar (http://www.planetcar.net.br), que como os nomes "explicam" são veículos especializados em notícias do mundo do kart e de automobilismo de competição. Também sou Editor de Automobilismo do Portal de notícias e entretenimento Éseu (http://www.eseu.com.br), que está chegando agora ao mercado.

Paralelamente sou fotógrafo de competições e mantenho uma agência fotográfica especializada em esportes à motor (PlanetKart Images), bem como uma empresa de marketing desportivo, a PlanetKart Marketing Desportivo. Essa empresa faz criação, desenvolvimento e consultoria de eventos de automobilismo e kart, assessoria de imprensa de pilotos, equipes, campeonatos e eventos especiais de esporte motorizado.

Pensa que acabou? Nada disso...

Tenho há 32 anos um escritório de advocacia e atuo na área desportiva, em especial nos tribunais de automobilismo.

Kartismo e automobilismo são esportes diferentes?

Kartismo é gênero da espécie automobilismo. Erroneamente muita gente pensa que automobilismo é só corrida de automóvel (como se chamava até os anos 70), mas o kartismo (ou karting, como é chamado no exterior) é um ramo autônomo da arvore frondosa que é o automobilismo, como também é o rally, que tem gente que pensa que não é automobilismo. Se não o fossem teríamos de ter uma Confederação Brasileira de Kartismo, outra de Rally e talvez mais uma de caminhões (F. Truck). Portanto, não existe diferença entre as modalidades!


 Qual seu envolvimento com os karts para pessoas especiais, o Parakart?

Talvez por ter um filho surdo, que ninguém acreditava que um dia pudesse pilotar competitivamente (a não ser ele mesmo), acabei me envolvendo com esse aspecto do esporte, que é a interação, a acessibilidade (que outros tantos pensam ser sinônimo de fazer rampa para cadeira de rodas). Trouxe para o Brasil a filosofia do ParaKart, uma ONG hoje baseada na França e que represento no Brasil desde 2002. O ParaKart faz um trabalho maravilhoso de mostrar que não existem limites para os deficientes, de qualquer espécie e, só para exemplificar, por três edições "largavam" na frente dos carros, motos, caminhões e quadriciclos do Paris-Dakar e fazia a recepção dos competidores ao final de cada dia de competições, com deficientes de cadeiras de rodas no meio do deserto.

Infelizmente, no Brasil alguns "espertos" se aproveitaram de nosso trabalho de desenvolvimento de adaptações de karts para deficientes físicos - especialmente paraplégicos e amputados - e criaram categorias que indevidamente utilizam a marca internacionalmente registrada do ParaKart, para fazerem disso fonte de renda. A questão se tornou meramente comercial para "aproveitamento financeiro" e, propositadamente nos afastaram dos desportistas, tirando deles todo tipo de informação que poderíamos dispor - vídeos, palestras e integração mundial -. E conseguiram até mesmo verbas governamentais, para nada fazerem, a não ser umas corridinhas sem visibilidade e em karts sem a correta adequação de segurança.

Trouxemos da Europa componentes para serem copiados e adotados, mas que foram abandonados em um canto qualquer de um kartódromo importante. Como diria Boris Casoy: "Isso é uma vergonha"!

Como deficiente físico não é só paraplégico, optamos por iniciar um projeto novo voltado aos surdos e portadores de síndrome de Down, que acabaram marginalizados nessa historia. A idéia central é mostrar que não existem limites e que talento e vocação superam qualquer dificuldade, sem segregar em categorias específicas, mas dando espaço aos deficientes para conviver harmoniosamente com os competidores normais. A expectativa é conseguirmos montar um kart "tripulado" apenas por pilotos surdos - e temos três de altíssimo nível: Julio Reis, Edson Junior e Aldo Neto -, para competir ainda este ano na 6 Horas Aldeia da Serra.

 O que você acha que deve ser feito para atrair público para as arquibancadas?

Tirando o brilhantismo do Clube Granja Viana, que organiza no kartódromo homônimo a Copa São Paulo de Kart Granja Viana (com cerca de 300 pilotos por etapa), Stock e Truck, fica claro que o que falta é competência. Via de regra a grande preocupação dos organizadores e cartolas do esporte é com o bolso. Tanto dos próprios, quanto os dos pais de pilotos. Preços despropositados, organizações pífias e praticamente nada em troca do que investem, são apenas alguns dos motivos que estão afastando os desportistas das pistas. Na verdade a ficha está caindo e hoje pouca gente ainda é boboca de cair nessas esparrelas.

Se você olhar para qualquer evento nos Estados Unidos, vai ver que junto às competições são promovidos verdadeiros shows de eventos. Cada um com mais criatividade que o outro, mas sempre buscando cativar o piloto, o dono de equipe e, claro, o público (que aqui não existe espontaneamente). E o publico não vai não porque não goste do esporte, mas sim porque quem organiza não quer gastar. Não existe a mais incipiente divulgação. ninguém sabe onde, quando e de que vai ter corrida. E isso é o "básico", o prêt-à-porter do beabá que deveriam saber de cor...

O kartismo na Europa também não ia lá bem das pernas. Mas aí chegou gente séria e profissional, criando alguns campeonatos chamados WSK. Com algum investimento, criatividade e honestidade, o karting europeu voltou a crescer. O curioso que se fizer as contas na ponta do lápis está quase o mesmo preço levar brasileiros para correr no WSK, do que participar dos eventos nacionais "chapa branca" da CBA. Isso sem ponderar a abissal diferença de tecnologia e qualidade nos equipamentos disponíveis por lá, com os que permitem ser usados por cá.

 Nunca pensou em ser dirigente?

Tá aí! Tem coisas na vida que não se explicam e, no meu caso, é essa questão de paixão imorredora pelo automobilismo. Nunca fiz nada no automobilismo com outro objetivo que o de simplesmente estar ali, de ver as paginas da história do esporte sendo viradas diante dos olhos e, claro, com muita diversão. Acho que cada macaco deve ficar em seu galho, sem ficar cobiçando o do outro, pelo que nunca me vi no papel de dirigente - até porque mal consigo dirigir minha própria vida -, organizador, promotor, ou chefe de equipe.

Claro, como apaixonado, quero ver minha amada cada vez mais linda e, por isso mesmo, sempre lutei pelo desenvolvimento do esporte. Como jornalista especializado acredito que tenha ao longo do tempo contribuído para isso. Sugerindo, palpitando, apontando erros, denunciando e, desbragadamente, torcendo.

Dirigente é em sua essência um político e todos sabem que função de político é falar. Embora seja um bom tagarela, prefiro fazer a falar, o que nos traz à questão de que são atividades diametralmente opostas e que não se misturam, como a água e o óleo. Mesmo sendo um crítico tenho bom transito entre os dirigentes, pelo que prefiro fazer as coisas acontecerem, criando, desenvolvendo e entregando para profissionais competentes a realização das idéias. O objetivo é mostrar, na pratica, que as coisas são simples e factíveis e podem ser copiadas por aqueles que só sabem falar. Nunca sonhei em ser um Tiririca!

2 comentários:

  1. Nossa! Adorei o post... espero que abra a mente de muitas pessoas...
    Claudio Reis.. parabéns pela competência e o amor pelo esporte sempre!

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  2. Parabéns Cláudio.
    Excelente carreira e depoimento muito fiel ao que acontece no automobilismo.
    Parabéns pela iniciativa de colocar juntos 3 verdadeiros campeões de kart (Edison "Dedo" Junior; Júlio Reis e Aldo Neto).
    Tomara que dê certo.

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